Práticas halal e ESG nas empresas devem ser convergentes

“Não há apenas uma complementariedade, mas uma convergência entre o halal e o ESG nas empresas”. A fala foi de Azuddin Rahman, diretor da consultoria Inno Bioceutical Sdn Bhd, que atua com desenvolvimento sustentável (Malásia), e do Vietnam Halal Center Company Limited, durante o painel “ESG, sustentabilidade e halal – complementariedade”, no último dia do fórum de negócios Global Halal Brazil, nesta quarta-feira (08 de dezembro).

“O ESG é um sistema que junta a sustentabilidade de uma empresa e os investimentos sobre três áreas: ambiental, social e de governança. Nesses três segmentos específicos há critérios que cobrem a missão, a liderança, as expectativas, os controles internos e até estruturas de recursos humanos, inclusive salário”, explicou Rahman.

O ESG quantifica, ou seja, calcula em todas as atividades o que está sendo feito nessas áreas, segundo ele. “E o halal proíbe basicamente de estar envolvido com poluição, temos que tratar várias partes dos resíduos, e na responsabilidade social, garantir que os contratados recebam o suficiente; também proíbe mão de obra infantil e precisa aderir e seguir processos internos de governança e atender às necessidades mundiais”, declarou Rahman.

Nesse sentido, ele disse que o ESG e o halal convergem, e não apenas se complementam. “Acho que essa convergência é enorme, o que precisamos fazer é não analisar apenas o produto acabado, por exemplo, se o produto for o frango, não olhar apenas o abate, mas desde a alimentação, a criação do animal, até o produto acabado”, disse.

A diferença dessa convergência, segundo Rahman, é que todos os processos de governançasocial e ambiental precisam estar documentados e comunicados aos stakeholders. “Tudo precisa ser transparente”, disse.

O moderador do painel e sócio-gerente na O.N.E. Sustentabilidade, Marcos Vaz, salientou que as operações e práticas da empresa devem ser baseadas na liderança, no progresso e na definição de estratégias. “Mais que a complementariedade entre halal e ESG, a busca tem que ser pela convergência, que transforma intenção em resultado”, disse Vaz.

O vice-presidente da Federação das Associação Muçulmanas do Brasil (Fambras), Ali Zoghbi, também participou do painel. Ele contou sobre o trabalho de impacto positivo da Fambras, com projetos sociais e humanitários como o Islam Solidário, que conta com mais de 17 serviços na área de saúde, fora o trabalho social; o Islam contra a Fome, o projeto Água, Saúde e Vida, entre outros.

Ele ainda informou sobre o gibi Khalil, uma iniciativa para mostrar à crianças e adolescentes o que é o Islã e desmistificar alguns preconceitos, além de trazer histórias de conscientização em outras esferas, como a reciclagem e o desperdício de alimentos. “Esse é um trabalho que também vem de recursos do halal, trazemos a conscientização dentro da esfera da educação, e as empresas podem se envolver, como fizemos uma edição do gibi em parceria com a BRF. A sustentabilidade não é só o futuro, é o presente”, disse.

O moderador Marcos Vaz ressaltou que o conceito islâmico de preservação da vida se conecta com todos os aspectos socioambientais das operações, e elogiou o gibi como ferramenta de comunicação. “Uma das maiores dificuldades é como nós enquanto produtores, agentes do comércio, comunicamos o que temos de bom, não só de produtos, mas de impacto positivo”, disse.

A diretora de Sustentabilidade da BRF, Mariana Modesto, participou do painel e disse que os consumidores estão cada vez mais conscientes e demandando mais informações sobre a produção e a origem dos produtos. “A agenda ESG traz impactos positivos e agrega valor à empresa”. Para ela, a sustentabilidade e a transparência são necessárias para os negócios. “Práticas sustentáveis requerem trabalho contínuo e constante evolução, é uma jornada”, disse. Dentro dessa jornada, Modesto informou que a BRF pretende garantir a rastreabilidade de 100% de seus fornecedores até 2025.

O fórum Global Halal Brazil foi promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e a Fambras Halal, com patrocínio da Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), BRF, Pantanal Trading, Portonave e Iceport.

Fonte: https://anba.com.br/praticas-halal-e-esg-nas-empresas-devem-ser-convergentes/

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